Agora Deus é a saúde ou Só dão às pernas.

Estou a adorar esta onda dos runnings e dos spinnings à noite. Eu sei que toda a gente precisa de um sentido de vida mas encontrá-lo a correr imenso e a vestir roupas néon nas horas livres é muito louco. E nem se fala quando vêm com as ideias higienistas e eugénicas: “Mas tu não fazes nada? Não te mexes?” ou “Eu sou superior a ti porque sou limpinho, magrinho e super dinâmico.” O problema é quando o dinamismo é só nas pernas.

“Desse isolamento doentio, do deserto desses anos de experimento, é ainda longo o caminho até a enorme e transbordante certeza e saúde, que não pode dispensar a própria doença como meio e anzol para o conhecimento, até a madura liberdade do espírito, que é também auto-domínio e disciplina do coração e permite o acesso a modos de pensar numerosos e contrários — até a amplidão e refinamento interior que vem da abundância […] até o excesso de forças plásticas, curativas, reconstrutoras e restauradoras, que é precisamente a marca da grande saúde.” Nietzsche, Humano Demasiado Humano, Prólogo/4.