Amizade.

Quando conheço uma pessoa, tiro-lhe logo o atrelado. Tiro-lhe o nome, as roupas de marca, o carro, a casa, os equipamentos electrónicos e o resto dos acessórios. Se sem isso a pessoa me interessar, ouço-a com atenção e respeito-a. Se não tiver mais do que isso, não lhe dou atenção nenhuma. Não é por mal. Apenas prefiro fazer amizade com pessoas do que com objectos.

Maus tempos, arte e ficção.

Dizem que a arte e a ficção são necessidades menores em tempos de dificuldade. Mas é quando a realidade se torna insuportável que mais precisamos delas. Não é alheamento do mundo, é construção de um novo. Ao contrário do entretenimento, que é alienação, entorpecimento do pensamento, a arte é florescimento. Enquanto é criada e contemplada, não só liberta a vida da prisão, como revela novas imagens, novas formas de fazer e pensar. Não é irresponsabilidade. É alimentação de espaços de resistência.