Tive algumas dificuldades, mas graças a Deus tudo acabou bem.*

É uma força interior que me aproxima destas causas. O que me move é o sofrimento de pessoas que estão a escassos quilómetros de nós, diz a Inês Patrocínio*. Fiquei emocionada e com algumas dúvidas.

O que quer ela dizer com “escassos quilómetros”?

Há pobres em Portugal?

Não é glamoroso tirar fotos a "ajudar" os pobres portugueses?

O que é que a Inês Patrocínio foi realmente fazer a África?

Quem foi o africano que ficou melhor depois da visita da Inês Patrocínio?

Quantos rebuçados deu a Inês Patrocínio às crianças africanas?

Será que já passou pela cabeça da Inês Patrocínio que os que os ocidentais fazem em África ou é colonização ou é turismo de pobreza?

Saberá, a Inês Patrocínio, o significado da palavra paternalismo?

Para que é que se tira uma fotografia destas?


Talvez a Barbie Savior saiba.


A pequena biografia no perfil já conta metade da história apenas com palavras-chave: "Jesus. Aventura. Um amor. Bebés. Beleza. Não qualificada. Convocada. Vinte anos de idade. Não é sobre mim... mas até é". Neste perfil de Instagram, vemos uma Barbie em África a fazer "selfies" entre ruínas, a aprender a dançar "como os nativos", a mostrar a sua nova tatuagem, feita uma semana após aterrar: o contorno do continente é acompanhado pelas palavras "Te Amo", que "significam 'amor' em africano". Criada por duas jovens de 20 anos, a conta Barbie Savior parodia, com muito humor, todos aqueles que decidem viajar para um país em desenvolvimento como voluntário, mas que, em vez de ajudar, tornam toda a experiência num acontecimento sobre si próprios. No fim de contas, satiriza o "white savior complex", termo que descreve os ocidentais brancos que se precipitam para países mais pobres para "salvar" pessoas, mas, muitas vezes, é apenas um exercício de auto-congratulação com um certo resquício de colonialismo à mistura. In P3