Não há pão para condescendência.
Quero agradecer a todos e a todas cuja profissão de "alerta para os problemas mundiais" me fez perceber a existência de corrupção no governo português e no governo angolano. É que ainda ninguém tinha percebido. Lançam livros a explicar, fazem vídeos a explicar, desenham bonecos a explicar. Nós queremos lá saber se o roubo é feito à meia noite a fazer swaps ou se é às quatro da tarde a comprar opções exóticas. Nós participamos cada vez menos no vosso sistema porque achamos que vocês não mudariam nada (ainda estamos à espera da Grécia) e não porque somos atrasados mentais. Se vocês, como alguns dos bons, usassem o dinheiro, o poder e o tempo que têm para apoiar associações que ajudam a resolver os problemas das pessoas, em vez de o gastarem em panfletos e festinhas de estudantes, se calhar, davamo-vos alguma credibilidade. Podem ajudar a resolver os problemas legais dos imigrantes, responder a questões que ajudem as pessoas nas ameaças de despedimento, ajudar as mulheres vítimas de violência doméstica a encontrar um sítio para ficar, criar espaços onde os artistas fora do circuito do capital possam expor e desenvolver o que fazem, e mais não sei quantas formas de empoderamento, que podem ser bem alegres e dispensam o vosso ar de este-mundo-é-incrivelmente-injusto-e-eu-vou-fazer-vos-perceber-onde-nasce-a-injustiça. Nós já sabemos, nós já sabemos. Só queremos viver com menos opressão e um pouco melhor, hoje, de preferência, que, ao que parece, esperar pelo amanhã nunca deu muito bom resultado.