O método.

Ai agora vocês acham que podem escolher quem é que pensa bem e quem é que pensa mal? Andam todos com os métodos e os modelos na cabeça e depois não conseguem sair disso, não é? Gostava de vos ver a escrever qualquer coisa que não fosse dos Platões ou dos Kants. Ficavam logo sem chão, não era? Como é que alguém consegue pensar sem os ter lido? Arranjem-me umas muletas, por favor. Eu quero lá saber se as minhas ideias são adequadas, se têm método, se são científicas, universais, cor-de-rosa ou amarelas. Já não me faltava ter os padres da consciência, os padres do inconsciente, os padres humanistas e os padres da história, para me dizerem como devo pensar, agora é a epistemologia e mais não sei o quê. Não é o marxismo o tribunal do povo? E eu detesto tribunais! Ide pregar os novos aparelhos de poder no pensamento para outra freguesia. “Mas, assim, nunca serás reconhecida como autora”. Ainda não perceberam que a minha ideia é precisamente a inversa: ignorar todos os que se consideram “autores” e sacudir os modelos de pensamento?  Eu quero é roubar ideias, que não é o mesmo que plagiá-las. Soltá-las da história e do futuro. Tirá-las dos sítios onde estão e pô-las noutros lugares. Nos lugares que me apetecer! E se um dia me apetecesse definir-me, o que seria uma aberração, eu responderia “não um modelo, um método ou um exemplo, mas um pouco de ar puro”. E, agora, não digo a quem roubei isto. Corram para o google. Ou respirem!