Continuo a rir-me muito com o facto da Catarina Portas, de cognome "a empreendedora das andorinhas de louça e cabazes de 100€ com uma garrafa de vinho do Porto corrente, dois sabonetes e uma lata de atum”, proprietária das lojas com o conceito mais neo-fascista que conheço - vender produtos "artesanais" portugueses (a maioria é industrial mas com design retro, pelo que de artesanais devem ser, talvez, as embalagens), em formato “gourmet”, e a preços exorbitantes (que não são para pagar a mão-de-obra que os produz mas a ela e aos proprietários das grandes marcas que os fabricam), numa espécie de disneylândia saudosista do Portugal antigo - veio para uma revista cor-de-rosa dizer que, em certo sentido, é um “bocadinho” anarquista. “Estes produtos são nossos. Estes produtos somos nós.”, diz o manifesto da loja da senhora. Alguém que lhe explique que ninguém pertence ao "nós" dela, a não ser duas ou três marcas de loiça, lápis de grafite e de sabonetes cheios de perfume industrial que a Oprah adora oferecer no Natal. Tudo impossível de ser comprado por um português de ordenado médio. Mas com muito estilo, tã?
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