Sobre o esperneamento dos pungentes e exímios acumuladores de riqueza contra os impostos sobre as suas fortunas.

Caros colossais, pungentes e exímios acumuladores de riqueza,

Eu sei que vos custa aceitar mas, apesar das 10173 teorias sobre a multiplicação dos pães ou do capital:

OS RECURSOS NATURAIS SÃO LIMITADOS.

Mesmo que vocês inventem 7300 justificações para serem muito mais ricos do que os outros – ou porque são mais inteligentes, ou porque gerem melhor o dinheiro, ou porque têm melhores ideias de negócio, ou porque nasceram com tendência para ganhar dinheiro ou que foi uma bênção que obtiveram quando o papa veio a Fátima:

Se eu acumulo recursos, alguém deixa de os ter.

Só há uma terra.

A água pura está a acabar (e, ouvi dizer, a “purificada” com lixívia causa cancro).

Daqui a pouco não há ar puro para respirar (também já ouvi falar que a poluição é uma coisa complicada).

Logo, se eu exploro um recurso, alguém sofre as consequências dessa exploração.

Para produzir qualquer coisa, seja um bem físico ou intangível, é necessário, pelo menos, um recurso natural (uma máquina não é feita de ficção) ou um recurso humano (que também tem capacidades físicas e intelectuais limitadas).

E não me venham com as tretas da eficiência, que ela só significa sofisticação de estratégias para explorar mais os recursos humanos ou naturais, para obtenção de lucro, o que significa esgotar mais recursos, apesar de vocês acharem ou afirmarem que é multiplicação.

Por isso, assumam que são gananciosos. Que têm mais do que os outros porque querem ter mais do que os outros. E não inventem teorias sobre a luta contra a pobreza, porque a caridade é uma coisa nauseabunda, para disfarçar a acumulação da vossa riqueza.