No capitalismo do século XX, produziam-se sobretudo objectos físicos. Para optimizar a produção, o corpo do trabalhador deveria adaptar-se à máquina. Para se produzir mais em menos tempo, e pelo menor custo possível, o trabalhador deveria executar a mesma tarefa, sucessivamente, até ao ponto de, tal como uma máquina, fazê-lo de forma automatizada.
No capitalismo do século XXI, produzem-se sobretudo objectos não-físicos, como informações e programas. O órgão central da nova produção é o cérebro, que deve ser rentabilizado para a obtenção do lucro. Como não se obtém “criatividade” automatizando o cérebro, a optimização das funções cerebrais é feita através de medicamentos ou recorrendo-se a técnicas de lavagem cerebral, como o coaching, por exemplo. As técnicas de evangelização, com vista à submissão a uma ideia, são comuns às de várias religiões.
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Se dantes, como Chaplin, nos Tempos Modernos, ocupávamos o corpo, e não a mente, para produzir um determinado objecto, hoje, ocupamos o cérebro, e não o corpo, na linha de produção.
Por isso é que esta nova onda dos spinnings, dos runnings, e de outras formas de fitness e sexness, não são apenas uma tendência estética. O corpo desocupado é o novo recurso a ser explorado economicamente.