Problema diário: conseguir tempo para ler e escrever.
Acordar às 6h. Ler e escrever das 6h às 7h. Tomar o pequeno-almoço e cozinhar das 7h às 8h. Arranjar-me das 8h às 9h. Sair de casa, para trabalhar.
Sair do trabalho às 18h. Das 18h às 20h, fazer o que me apetece, que é o mesmo que dizer ir para a esplanada ou para a cafetaria. Podia cozinhar agora, mas não gosto de jantar sozinha. Faço-o quando convido alguém. A esta hora, com o cansaço, também já não consigo ler. Fico a conversar, a olhar para o mar ou para a lareira. Ir para casa às 20h. Chegar a casa às 21h. Arranjar-me, folhear, partilhar, e dormir.
O que acontece na maioria das vezes: acordo às 7h e não leio.
O que é que mais gosto de fazer: ler e escrever.
O que é que eu faço: trabalhar e dormir.
A pedra cai todos os dias. E eu carrego-a até ao cimo da montanha. No dia seguinte, a pedra caiu outra vez.
Afinal, Camus, só mesmo na imaginação conseguimos ver Sísifo feliz.
E depois dizem que tenho que ser criativa, tolerante e empreendedora. Eu empreendo imenso. E por pouco dinheiro.