- Ó menina, este parque é reservado aos docentes da escola.
-Compreendo. Mas venho aqui todos os dias e tem sempre mais de metade dos lugares desocupados. Como não há lugares lá fora, e aqui há muitos vazios, pensei que não haveria problema de estacionar.
- Mas há. Não pode estacionar aqui.
- Porquê?
- Porque são ordens que tenho.
- De quem?
- Já lhe disse. São ordens.
- O senhor é o responsável pela gestão do parque de estacionamento?
- Não. Mas não pode estacionar aí.
-Mandaram-lhe dizer-me para tirar o carro?
-Não. Eu é que a vi a estacionar e sei que não pode estacionar.
-Mas que diferença lhe faz que estacione aqui?
-Já lhe disse que são ordens.
- Olhe, tem o parque de estacionamento vazio, ninguém o mandou vir obrigar-me a tirar o carro. O senhor tem necessidade de mandar em alguém, de sentir o poder, é isso?
-Já lhe disse que são ordens.
- Olhe, os nazis também mataram os judeus porque estavam a cumprir ordens.
-Está a chamar-me nazi?
- Não, não. Foi só uma analogia. Mas, digo-lhe, tem imenso jeito para PIDE.
-Já lhe disse que são ordens.
- Olhe, os nazis também mataram os judeus porque estavam a cumprir ordens.
-Está a chamar-me nazi?
- Não, não. Foi só uma analogia. Mas, digo-lhe, tem imenso jeito para PIDE.