Na crítica, concordo sempre.

Sempre que me fazem uma crítica, apetece-me dizer: "Concordo, concordo. Sigamos em frente". As críticas nunca acrescentam nada. Não têm poder de transformação. Quem critica apenas está a exorcizar algum incómodo. É até um pouco ingénuo achar-se que a crítica pode ser ponto de partida para o novo. É apenas o explanar de uma frustração que pretende disciplinar o outro. "Estás errado. Eu estou certo. Deves comportar-te assim.", que é o mesmo que dizer: " Deves comportar-te da forma que eu considero correcta e não da forma que tu queres". Quando as pessoas não pretendem estabelecer hierarquias de pensamento, apenas dizem "Eu não gosto disso. Não concordo com aquilo". Mas abstêm-se de dizer "Não devias ter feito isso. Estás errado se fizeres aquilo". Quando critico, quero que o outro mude. Acuso-o de não prosseguir os meus interesses.
Outra coisa bem diferente é a opinião. "Eu acho isto. Eu não penso assim. Sobre isso, tenho isto a dizer." Ao contrário da crítica, que encerra, a opinião é fecunda. Tem uma potência transformadora na visualização de novas formas de pensar. Depois, o outro fará o que quiser com ela. Mas já ficou com mais uma. Abriu-se uma nova possibilidade.